O Brasil deve importar 2,5 milhões de toneladas de milho ao longo da temporada 2015/2016, para atenuar a escassez do produto no mercado interno, projeto a consultoria Agroconsult. De acordo com o analista Fabio Meneghin, que apresentou os números durante evento do Rally da Safra realizado na terça-feira (3/5), em Cascavel (PR), a maior parte desse volume virá da Argentina e dos Estados Unidos. Nas últimas temporadas, o volume importado pelo Brasil não superava 1 milhão de toneladas, apontou o analista.
Com a taxa de câmbio favorecendo as exportações do cereal brasileiro nos últimos meses do ano passado e também no início de 2016, o volume embarcado pelo Brasil no ciclo 2014/2015 superou as expectativas e reduziu drasticamente a disponibilidade interna de milho. "A vantagem do milho brasileiro sobre o norte-americano chegou a R$ 9 a saca nos primeiros meses deste ano", explicou Meneghin.
A Agroconsult projeta que o estoque de passagem ao fim de 2015 era de 5,2 milhões de toneladas, ante 13,3 milhões de toneladas um ano antes. "Não ficou milho no Brasil", comentou ele. Por isso, a necessidade de importar um volume mais expressivo do cereal de outros países. Com exportações projetadas em 34,3 milhões de toneladas e produção total de 78,8 milhões de toneladas em 2015/2016, o volume armazenado no país no fim deste ano deve ser ainda menor, de 4,2 milhões de toneladas.
Outra questão abordada pela Agroconsult foi o desequilíbrio entre oferta e demanda no país, que fez com que os preços no mercado doméstico se descolassem daqueles verificados na Bolsa de Chicago. Na avaliação da consultoria, esse cenário deve se repetir nesta temporada. De acordo com a Agroconsult, 28,7 milhões de toneladas da safrinha dos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná foram vendidas antecipadamente e estão comprometidas para exportação. Contudo, em um cenário de preços internos mais elevados do que os internacionais, a expectativa é de que parte desses contratos para exportação sejam cancelados. "Os traders têm indicado que a diferença de preço é tão grande que passa a valer a pena cancelar esses acordos para exportação e vender no mercado interno", apesar de terem que arcar com os custos do cancelamento, explicou Meneghin.
Na terça-feira (3/5), a Agroconsult reduziu em 4% a sua estimativa para a produção de milho segunda safra no Brasil no ciclo 2015/16, que deve ser de 52,5 milhões de toneladas. A primeira safra foi estimada em 26,3 milhões de toneladas.
Nesta quarta-feira (4/5), a Equipe 9 do Rally da Safra, que será acompanhada pelo Broadcast Agro, sai de Cascavel em direção à Guaíra. Na quinta-feira (5/5), a expedição deixa o Paraná, em direção a Mato Grosso do Sul. A equipe vai avaliar lavouras de milho safrinha.
Fonte:http://revistagloborural.globo.com/